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  • Foto do escritorSara Mendonça

Tendinite: o que é, causas e tratamento

As tendinites são lesões bastante comuns e que podem causar grande dor e incómodo. Saiba o que são, quais são as causas e qual é o melhor tratamento para esta condição.



O que são tendões?

Os tendões são cordas fibrosas esbranquiçadas, compostas por colagénio, que ligam os músculos aos ossos. A sua principal função é a transformação da força muscular em movimento. São estruturas bastante fortes e resistentes, capazes de armazenar grandes quantidades de energia (1). O tendão de Aquiles, localizado logo acima do calcanhar, é o mais forte do corpo humano, conseguindo suportar até 12,5 vezes o peso corporal. Apesar da sua resistência, os tendões, quando sobrecarregados, podem causar dor, provocando a chamada tendinite.

O tendão de aquiles é o mais forte do corpo humano.

O que é uma tendinite?

Embora o termo mais commumente usado seja tendinite, o termo tendinopatia é o mais correto atualmente. O sufixo – “ite”, significa inflamação, que sabemos hoje, não ser um factor primordial neste tipo de lesão. Também existe o termo tendinose que caracteriza uma tendinopatia num estadio mais crónico.


A evolução da condição é gradual. Normalmente numa fase inicial há dor logo após a atividade ou no dia seguinte a esta. Pode também existir dor logo no início da atividade que desaparece e volta a surgir quando esta termina. Com o avançar da patologia a dor agrava-se e está mais presente, podendo mesmo restringir a realização dos movimentos do dia-a-dia (2).


Aqui ficam os tipos de tendinites mais comuns (1):

· Ombro (tendão do bicípite braquial e tendões da coifa dos rotadores, particularmente o tendão supra-espinhoso);

· Cotovelo (epicondilite lateral também chamado de cotovelo de tenista);

· Região interna da coxa (pubalgia/tendinopatia dos adutores da coxa);

· Joelho (tendão rotuliano);

· Tornozelo (tendão de Aquiles (acima do calcanhar) e tendão tibial posterior (região interna do tornozelo e pé);


Os tendões da coifa dos rotadores, localizada no ombro.

Qual é a causa?

A tendinopatia tem origem multifactorial. A maioria das tendinites surge, quando há uma sobrecarga da estrutura tendinosa, ou seja, quando se faz uma atividade para o qual os nossos tendões não estão preparados. Esta sobrecarga pode surgir, por exemplo, ao fazer um movimento repetitivo continuamente no trabalho ou ao progredir demasiado rápido na preparação de uma competição desportiva. Esta sobrecarga ou uso excessivo do tendão provoca alterações das células que o constituem, nomeadamente nas fibras de colagénio(2).


Outros factores de risco importantes são a idade, fatores genéticos, a presença de doenças metabólicas crónicas (ex.: diabetes, gota, colesterol elevado) e o uso prolongado de alguns tipos de medicação (ex.: corticosteróides)(1,3).



Tratamento

As tendinopatias são, por vezes, condições que causam grande frustação no paciente. Os tendões são estruturas pouco vascularizadas (chega-lhes pouco sangue), o que implica que o tratamento seja bastante mais demorado do que noutras estruturas do nosso corpo. A identificação precoce da condição é muito importante, pois tendinopatias em estadios mais iniciais são mais facilmente tratadas (1).


Medicação

Os anti-inflamatórios não esteróides por via oral (ex.: ibuprofeno, naproxeno e diclofenac) ou os corticóides por infiltração são os fármacos mais utilizada nesta condição. Estudos demonstram que apesar desta medicação poder ter efeitos a curto prazo em algumas tendinopatias, esta não apresenta benefícios a longo-prazo, podendo mesmo ser prejudicial à regeneração do tendão. Diminuir a dor a curto prazo é importante, contudo, não deve ser o único objectivo, pois sem um plano a médio/longo prazo, a probabilidade de a dor regressar é bastante grande (1,3).


Fisioterapia

A fisioterapia baseada no exercício é a terapêutica mais eficaz e apoiada pela evidência científica, pois este é o único método capaz de proporcionar efeitos a médio e longo prazo, prevenindo desta forma que haja a reincidência da condição (3).


Se o tendão dói porque a sua estrutura não está capaz de suportar a atividade a que está sujeito, então há que aumentar a capacidade de suporte do tendão. Após uma fase de controlo da dor e depois de esta ter desaparecido ou estabilizado num nível baixo, deve ser iniciado um programa de treino de força, devendo este ser feito de forma muitíssimo gradual. Para não haver perigo de sobrecarga do tendão, há que exercitá-lo, respeitando sempre os níveis de dor (ver imagem abaixo), volume de treino e períodos de repouso. O fisioterapeuta irá ajudá-lo a encontrar os exercícios ideais para o seu caso e dará conselhos muito importantes para gerir a sua condição no dia-a-dia. Aos poucos, notará cada vez menos dor e as suas tarefas diárias e/ou atividades desportivas ficarão mais fáceis de realizar (3,4).


Forma simples para exercitar de forma segura com dor.

Conclusão

Apesar de estruturas resistentes, os tendões quando sobrecarregados continuamente, podem originar as chamadas tendinites ou tendinopatias. Quando, o tratamento destas apenas se baseia no alívio da dor a curto-prazo, existe grande risco de recidiva, sendo por isso, bastante importante, que seja seguido um treino de força gradual, orientado pelo seu fisioterapeuta de confiança. Boa recuperação!

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Obrigada por lerem,

Sara Mendonça

Fisioterapeuta e Instrutora de Pilates

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FisioAjuda – Especialistas na Coluna

964 422 523 | 291 782 327

Rua Vale da Ajuda 96, 9000-116 Funchal



Referências:

1. Loiacono C, Palermi S, Massa B, Belviso I, Romano V, Di Gregorio A, et al. Tendinopathy: Pathophysiology, Therapeutic Options, and Role of Nutraceutics. A Narrative Literature Review. Medicina (Kaunas) [Internet]. 7 de Agosto de 2019 [citado 2 de Junho de 2020];55(8). Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6723894/

2. Cook J, Purdam C. Tendon overuse injury (tendinopathy). Em: Brukner & Khan’s Clinical Sports Medicine 5th Edition. McGraw-Hill Education; 2016. p. 46–51.

3. Cook JL, Rio E, Purdam CR, Docking SI. Revisiting the continuum model of tendon pathology: what is its merit in clinical practice and research? Br J Sports Med. 1 de Outubro de 2016;50(19):1187–91.

4. Malliaras P, Rodriguez Palomino J, Barton CJ. Infographic. Achilles and patellar tendinopathy rehabilitation: strive to implement loading principles not recipes. Br J Sports Med. 24 de Março de 2018;

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