top of page

Dor Lombar Aguda: Quando a Fisioterapeuta é a Paciente

  • Foto do escritor: Sara Mendonça
    Sara Mendonça
  • 1 de set.
  • 4 min de leitura

Atualizado: 2 de set.

ree

Sou fisioterapeuta. Todos os dias ajudo pessoas com dor lombar. Mas no mês passado, foi o meu corpo que pediu ajuda. Um episódio tão intenso que me levou às urgências, me fez chorar de dor e repensar tudo aquilo que costumo recomendar.


Este texto é pessoal, mas também clínico. É o relato honesto de alguém que sabe o que deve fazer… e ao mesmo tempo sente medo, frustração e uma vontade enorme de voltar ao normal.


🔄 Como tudo começou — dia a dia


Terça-feira: senti uma dor leve durante o trabalho — já me tinha acontecido outras vezes, não liguei.


Quarta-feira: dia puxado, muitas horas de trabalho de marquesa, o tronco sempre inclinado para a frente. A dor e rigidez aumentaram, mas ainda era suportável.


Quinta-feira: piorou bastante. Continuei a trabalhar. À noite, as dores intensificaram-se tanto que chorei de dor.


Sexta-feira: o corpo já se inclinava para a frente e pendia para a direita. Andar custava. Mesmo assim, fui trabalhar.


Sábado: acordei pior. Nenhuma posição era confortável. Chorei ao pequeno-almoço. Decidi finalmente ir às urgências.


Estava assim na sexta-feira - o tronco involuntariamente inclinado.
Estava assim na sexta-feira - o tronco involuntariamente inclinado.

⚕️ O que aconteceu nas urgências (e o que a ciência diz sobre isso)


Fui bem atendida. Deram-me vários fármacos - analgésicos e relaxantes musculares. Infelizmente, senti pouco alívio da dor e a posição antálgica do meu corpo manteve-se. Continuei a fazer em casa relaxantes musculares receitados pelo médico.


O médico sugeriu uma ressonância magnética. Mas com os conhecimentos que tenho, preferi não fazer. Porquê?


  • Apesar da dor muito intensa, não tinha sinais preocupantes que exigem maior investigação (febre, perda de força nos membros, traumatismo, alterações urinárias ou fecais, histórico de cancro).

  • Sabia que fazer exames de imagem precocemente não melhora os resultados clínicos e aumenta a ansiedade.


Apesar da grande dor, sabia que a grande maioria dos casos de dor lombar evolui favoravelmente. Confiei na minha experiência e nos dados da ciência.


-----

Fonte: WCPT - Confederação Internacional de Fisioterapia (2024)
Fonte: WCPT - Confederação Internacional de Fisioterapia (2024)


“Mas tu és fisioterapeuta — trata-te!"


Ouvi isto de pacientes, do médico, de mim mesma. A verdade é que quando a dor ultrapassa certos limites, perdemos clareza. O primeiro passo foi encontrar uma posição que aliviava. Descobri que se me deitasse de barriga para baixo a dor parava. Também vi que o calor ajudava a relaxar. Felizmente, em casa, tinha um saquinho com sementes que aquecia no microondas.


Evitei posições que agravassem: dobrar o corpo à frente e sentar. Deitar de barriga para baixo era bom, mas sabia que o repouso total não era solução. Sabia bem que o repouso total ia atrasar a minha recuperação a médio-longo prazo. Isso não podia ser. Alternei o repouso com:


  • Caminhadas curtas

  • Exercícios suaves


-----

Fonte: WCPT: Federação International de Fisioterapia (2024).
Fonte: WCPT: Federação International de Fisioterapia (2024).

----


O percurso


Na terça e quarta tentei voltar ao trabalho ("só um bocadinho") e a dor voltou e fiquei outra vez com o tronco a pender para um lado. Decidi: só voltava a trabalhar com terapia manual quando estivesse a 100%. No trabalho, iria apenas fazer as aulas de Pilates (grupo e individuais) e deixaria as sessões de massagem e fisioterapia para depois. Aos poucos, seguindo o meu plano à risca fui ficando melhor.



✅ O que fiz bem


  • Não entrei em pânico e acreditei que ia passar;

  • Não fiz exames médicos desnecessários;

  • Mantive-me ativa dentro do limite de dor tolerável;

  • Pedi ajuda à colega Leonor para as sessões mais exigentes.



❌ O que fiz mal


  • Demorei a reconhecer que tinha de parar, se o tivesse feito mais cedo a situação não teria sido tão grave e tinha recuperado mais rápido;



😬 O mais difícil

  • Estar uma semana sem conseguir sentar;

  • Descansar de barriga para baixo (sem poder fazer muito nessa posição);

  • A frustração de querer trabalhar e não conseguir.



🧠 O que este episódio me ensinou — enquanto fisioterapeuta

  • A ter ainda mais empatia com os pacientes com dor lombar aguda;

  • Não estava à espera que os exercícios de pilates me ajudassem numa fase tão aguda de dor, mas ajudaram;

  • Os alongamentos aumentaram a minha dor — numa fase aguda da dor é melhor manter a mobilidade com exercícios mais ativos e que não provoquem irritação nos tecidos;

  • A fisioterapia é um trabalho físico. É preciso respeitar os sinais do corpo.



Uma experiência de há 11 anos que mudou a minha forma de agir


Esta não foi a minha primeira experiência com dor lombar. Há 11 anos, tive um episódio com sintomas bem diferentes. Fiz duas ressonâncias magnéticas e, numa das consultas, um médico chegou a propor cirurgia para o dia seguinte. Assustei-me. No entanto, acabei por não operar.


Procurei vários médicos e profissionais de saúde, fiz acupuntura e outras medicinas não convencionais… mas nada resultou. Passei por meses de tratamentos e consultas, mas só me foi recomendado exercício 10 meses depois do início das dores.


Foi apenas quando introduzi o exercício que comecei a melhorar.

Agora, nesta crise, iniciei os exercícios certos desde o primeiro dia possível — e por isso estou a recuperar muito mais rápido. Essa experiência passada ensinou-me que o movimento é parte fundamental da solução.



Conclusão — o que quero que retenha desta história


A dor lombar aguda assusta, mas na maioria dos casos não significa lesão grave. A chave está em manter o corpo ativo com movimento seguro e respeitar os sinais do corpo. Nesta crise, recuperei mais rápido porque comecei os exercícios certos desde o início.


Se está a passar por uma crise como esta, não espere pelo “momento certo” para começar a mexer. Procure orientação segura, baseada na evidência, e evite a armadilha do repouso absoluto.


📞 Se precisar de ajuda para recuperar, conte com os profissionais da FisioAjuda e com os nossos serviços de Fisioterapia, Pilates Clínico, Massagem ou Osteopatia.


ree

Gostou deste artigo? Clique em https://www.fisioajuda.pt/ para nos conhecer melhor!


Obrigada por lerem,


Sara Mendonça

Fisioterapeuta e Instrutora de Pilates

 ___________________________________


FisioAjuda – Especialistas na Coluna

964 422 523 | 291 782 327

Rua Vale da Ajuda 96, 9000-116 Funchal


ree

 
 
 

Comentários


Para marcações:

291 782 327 | 964 422 523

 

 Whatsapp (+351) 964 422 523

clinicafisioajuda@gmail.com

Rua Vale da Ajuda 96, Funchal

(ao lado da Farmácia da Ajuda)

Horários:

Segunda a Sexta

10:00 - 20:00 

Encerrado à hora do almoço

Encerrado aos Sábados, Domingos e Feriados.

Redes Sociais:

Veja os nossos conteúdos no Instagram e Facebook em @clinicafisioajuda

© 2024 FisioAjuda. Todos os direitos reservados.

bottom of page