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  • Foto do escritorSara Mendonça

Dor na parte externa do cotovelo? Veja como tratar.

O tema de hoje é a chamada dor de cotovelo. Não. Não irei falar de inveja ou de pessoas invejosas, mas sim da epicondilite lateral. Também chamada de cotovelo de tenista, esta condição de saúde causa dores na parte externa do cotovelo, bem junto ao osso. Neste artigo conheça a melhor forma de tratar esta aborrecida lesão.



O que é a epidondilite lateral?

A epicondilite lateral do cotovelo é uma lesão que afeta os tendões extensores do punho e dedos que têm a sua origem no epicôndilo lateral do cotovelo (veja a imagem abaixo). Aproximadamente 40% das pessoas irão ter este problema em alguma altura da sua vida (1).


epicondilite

Embora esta lesão também seja chamada de cotovelo de tenista, estes atletas são apenas 5% da totalidade das pessoas que sofrem desta condição. Esta é uma lesão comum em pessoas cujas tarefas diárias envolvam movimentos repetitivos do pulso e dedos ou que exijam bastante força de preensão das mãos (como ao levantar objectos pesados). Esta condição é comum em pessoas que trabalham ao computador e em profissões manuais, como é o caso dos mecânicos, carpinteiros, electricistas, jardineiros, entre muitos outros.


Exemplo de profissões propensas a esta lesão.

Nota: Embora menos frequente, pode existir dor na região interna do cotovelo, chamada de epitrocleíte ou epicondilite medial do cotovelo. Esta tem sintomas e tratamento muito semelhante à epicondilite lateral.



Quais são os sintomas?

A dor é o principal sintoma da epicondilite. Esta localiza-se predominantemente na zona externa do cotovelo, junto ao osso, podendo também alastrar para o antebraço e braço. Segundo Warren existem 4 estadios desta condição:


1. Dor ligeira que surge algumas horas após a actividade.

2. Dor no final da actividade.

3. Dor durante a actividade que agrava após a mesma.

4. Dor constante, que proíbe ou dificulta qualquer actividade (2).


Algumas pessoas poderão sentir falta de força nomeadamente no movimento de preensão. Dificuldade em agarrar objectos ou carregar sacos ou malas são queixas comuns.



Quais são as causas?

A epicondilite é uma tendinite. A principal causa da tendinite é a existência de uma sobrecarga nos tendões - isto quer dizer que os tendões estão a trabalhar demais para a sua atual capacidade.


Exemplos:

1. Senhora de 50 anos que trabalha 8 horas ao computador por dia. O posicionamento do braço na secretária não é o mais adequado. Tem sentido dores que se têm agravado de forma gradual nos últimos meses.

2. Senhor que gosta de carpintaria nos tempos livres. Há muitas semanas que não se dedicava ao seu passatempo. Passou um dia inteiro a consertar um móvel antigo e ficou com dores no cotovelo.

3. Praticante de ténis amador. Começou a ter mais tempo livre e aumentou de forma abrupta o seu tempo de treino. Tem também uma raquete nova e sente que precisa fazer mais força no pulso para jogar com ela.


Nem sempre a relação é tão óbvia como nos exemplos referidos, pois outros factores de risco podem estar presentes. A idade, o género feminino e o consumo de tabaco são referidos pelos estudos como factores de risco a ter em conta (2,3).



Tratamento


Fase 1 – Alívio da dor

Numa fase inicial de dor mais intensa o objectivo principal passará por controlá-la. A modificação, redução ou mesmo o evitamento momentâneo das atividades que causam os sintomas é muito importante para acalmar as estruturas tendinosas. O seu fisioterapeuta pode aconselhá-lo nesta matéria, ajudando-o a definir que atividades devem ser modificadas e qual será a melhor forma de o fazer. Durante o trabalho, o uso de braçadeira (ver imagem) durante as actividades agravantes, a monitorização constante dos níveis de dor e a utilização de pausas frequentes para alongar e movimentar o braço são conselhos úteis para a recuperação.

Braçadeira para epicondilite.

Para além do imprescindível aconselhamento, o seu fisioterapeuta pode ajudá-lo no alívio da dor, com um variado conjunto de técnicas. É o caso da terapia manual, do exercício terapêutico, do uso de ligaduras funcionais e da electroterapia, entre outras. O tratamento deve ser sempre adaptado a cada paciente e à fase da lesão em que este se encontra. O fisioterapeuta irá através da avaliação inicial propor o plano mais adequado para si.


Uma possível sessão de Fisioterapia para a epicondilite.

Um exercício útil para fazer várias vezes durante o dia é o alongamento dos extensores do punho. Este alongamento está aqui abaixo descrito:


Alongamento 1: Extensores do punho


Alongamento dos extensores do punho

Posição Inicial: Braço esticado à frente com a palma da mão voltada para baixo.

Posição de Alongamento: Dobre o pulso e dedos na sua direção e mantenha. Para uma pressão adicional leve os dedos para fora como demonstrado na imagem. Mantenha por 10 a 20 segundos. Repita 2 a 3 vezes seguidas.



Para a redução da inflamação, o uso de gelo várias vezes ao dia poderá ser benéfico. O seu médico pode também recomendar medicação oral para diminuição da dor e inflamação. O uso de infiltrações pode também ser tido em conta. Estas são eficazes na diminuição da dor a curto prazo, no entanto muitas vezes trazem acarretam consequências negativas mais tarde, como uma recuperação mais lenta e uma percentagem de recorrência maior (cerca de 62% maior do que aquelas pessoas que não o fazem). É indicado que o uso de infiltrações deva ser usado apenas em último caso, se a fisioterapia (que inclua um programa de exercícios) não surtir o efeito desejado(4).



Fase 2: Reforço muscular e retorno gradual à actividade

As recidivas da epicondilite lateral são bastante comuns. Isto acontece porque os tratamentos da fase 1 são eficazes na diminuição da dor, mas não atuam na resolução da causa do problema. É comum ouvirmos dizer “Fiz o tratamento X, fiquei sem dor, mas ela regressou outra vez passado pouco tempo”. Para evitarmos que isto aconteça temos que progredir para a fase 2. Veja como:


Como referimos no início do artigo, a epicondilite surge porque os tendões estão sobrecarregados e não conseguem lidar com as exigências do dia-a-dia. Para atuarmos na causa do problema e prevenir que a dor regresse novamente, teremos que trabalhar os tendões para que se tornem mais fortes e resistentes. Tendões fortes e resistentes não se cansarão tão facilmente e aguentarão melhor o esforço a que serão submetidos.

É importante, que logo que possível, seja iniciado um programa de exercícios que gradualmente estimule o aumento da força e resistência muscular. Em baixo, demonstro dois exercícios de força para os músculos extensores do punho. Lembro que os exercícios devem ser sempre adaptados à pessoa que os vai fazer e não recomendo que os faça sem orientação de um profissional de saúde habilitado. Quando feito de forma desadequada, os exercícios podem levar a um agravar da condição. Os exercícios são bastante eficazes, mas demoram tempo a surtir os efeitos desejados, uma boa dose de resiliência e dedicação é exigida.



Exercício 1: Extensão do punho

Extensão do punho

Posição Inicial: Antebraço relaxado e totalmente apoiado, ficando a mão livre. A palma da mão deve estar voltada para baixo, segurando um peso adequado a si.

Movimento: Leve o pulso para cima e retorne lentamente à posição inicial.



Exercícios 2: Supinação do Antebraço

Supinação do antebraço

Posição Inicial: Mantenha o cotovelo dobrado. A palma da mão deve estar voltada para baixo a agarrar o peso como mostrado na figura.

Movimento: Leve a palma da mão para cima e retorne lentamente à posição inicial.



Outra parte fundamental da fisioterapia é acompanhamento do retorno do paciente à normal atividade diária. Se pelas dores incapacitantes a pessoa esteve ausente do trabalho, desporto ou hobbie há que fazer um retorno à atividade de forma gradual, evitando desta maneira a sobrecarga da musculatura e consequente recidiva.



Conclusão


A epicondilite lateral ou cotovelo de tenista é uma lesão que provoca dor na face externa do cotovelo. A sua principal causa são os movimentos repetidos do punho e dedos e as tarefas que exijam grande força de preensão das mãos. A fisioterapia é bastante eficaz no tratamento desta condição, ajudando quer no alívio da dor, quer na prevenção das recidivas. Na FisioAjuda pode contar com o nosso serviço de fisioterapia para o ajudar. Temos tido resultados muito positivos no tratamento deste tipo de lesão. Contacte-nos!


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Obrigada por lerem,


Sara Mendonça

Fisioterapeuta e Instrutora de Pilates

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FisioAjuda – Especialistas na Coluna

964 422 523 | 291 782 327

Rua Vale da Ajuda 96, 9000-116 Funchal



Referências:

1. Bisset LM, Vicenzino B. Physiotherapy management of lateral epicondylalgia. J Physiother. Outubro de 2015;61(4):174–81.

2. Lateral Epicondylitis [Internet]. Physiopedia. [citado 29 de Maio de 2021]. Disponível em: https://www.physio-pedia.com/Lateral_Epicondylitis

3. Sayampanathan AA, Basha M, Mitra AK. Risk factors of lateral epicondylitis: A meta-analysis. Surgeon. Abril de 2020;18(2):122–8.

4. Vicenzino BT, Scott A, Bell S, Popovic N. Elbow and arm pain. Em: Brukner & Khan’s Clinical Sports Medicine 5th Edition. McGraw-Hill Education; 2016. p. 443–51.

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